Desde a sexta-feira da paixão estamos consternados com o martírio de Luiz Carlos Azenha. Condenado em primeira instância, assim como eu, o Rodrigo Vianna e o Paulo Henrique Amorim, todos ex-globais, e outros guerreiros como Nassif, o sr. Cloaca, pelo homem que não aceita o contraditório, Ali Kamel.
No entanto, o que chamou mais minha atenção, ainda que eu respeite o direito de todos se manifestarem como queiram, é a capacidade que alguns têm de se aproveitar da situação para tripudiar colegas de front e mais, considerar que no campo da justiça a questão está em boas mãos.
Primeiro, todo aquele que se aproveita de uma situação dramática para dizer que avisou, não é amigo coisíssima nenhuma. A hora de avisar passou. Agora, é hora de se solidarizar. É assim que agem os amigos verdadeiros. Eles não julgam, acolhem. Neste sentido, fico chateado com colegas que, em vez do respeitoso silêncio, partem para a polêmica e o confronto. Respeito-os, mas não concordo com eles.
Para os que dizem que o canal é a justiça, também discordo. Só um ingênuo acredita que a justiça
Portanto, esta peleja de Ali Kamel - aqui podemos ler nas entrelinhas Rede Globo - contra seus ex-funcionários é sim uma tentativa de calar aqueles que conhecem a fundo o processo de fazer noticiário na emissora. Sabem como os interesses econômicos se cruzam com o noticiário. Conhecem métodos de chantagear políticos, intimidar juízes e adular autoridades. Na tela da TV, no meio deste povo, ninguém do lado de cá é bobo. São lobistas, chantagistas, desonestos, corruptos... uma rede de serviçais que muitas vezes querem em troca apenas migalhas de poder e visibilidade.
Ah, muitos perguntam, "ora, se vocês sabiam porque aceitaram ficar lá tantos anos?" Somos uma geração - à exceção de Amorim e Carlos Dorneles, com longa carreira de correspondentes no exterior - que chegou depois do fracasso do Caçador de Marajás. Encontramos uma emissora debilitada, nas cordas, sem credibilidade.
Equipes eram maltradadas nas ruas. Havia bairros em que os repórteres não entravam. Foi necessário um esforço enorme de muitos colegas para voltar a falar "a língua do povo". As pessoas não têm memória, mas nesta época, início dos anos 90, a Globo saiu caçando jornalistas da Rede Manchete, da TV Cultura, do SBT e da Rede Record. A ordem era popularizar o noticiário concentrado nos jardins e adjacências.
Portanto, não venham falar que nós fomos coniventes! Tentamos exercer nosso melhor. Tínhamos espaço para discutir o encaminhamento de nossas pautas e gostávamos do cheiro do povo. Roberto Marinho pai e Evandro Carlos de Andrade sabiam que sem as classes C, D e E o negócio ia pro brejo. Para completar, depois ainda veio a crise financeira dos anos 2000. Mas este é outro capítulo.
E vieram os almofadinhas, entre eles, o doutrinador. E vieram os filhos do velho, que cresceram entre o Itanhangá Golfe Clube e a ilha de Angra (de helicóptero). O que esses caras conhecem do Brasil? Digam-me? Ou você acha que alguém que passou férias em Mônaco, em St. Tropez e Ibiza tem algum apreço pelo povo e pela Democracia brasileira? Eles querem que todos nós se f....
Portanto, ou o país encara de frente a necessidade de ampliar os canais de comunicação dessa gente humilde, ou estaremos sim todos f.... Porque na primeira chance que banqueiros, empresários, oportunistas e donos das empresas de comunicação tiverem, eles darão um golpe sim senhores. Mas, ao contrário dos insensíveis, não serei eu a dizer que avisei. Aliás, acho que não estaria mais ao lado de vocês, se isso acontecesse, porque seria certamente um dos primeiros a serem calados à força.
Ou nós abrimos nossos olhos, ou essa corja vai para o tudo ou nada. A história não nos deixa mentir!
Fonte: Doladodelá
http://www.doladodela.com/
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