por
Rodrigo Priesnitz*
Há muito
tempo que a América Latina precisava deste combustível trazido pelo Papa
Francisco em sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. O Papa
chegou apenas com sua humilde maleta de mão, mas é imensurável o legado de sua
vinda para este continente.
Ao optar
por uma teologia que busque a aproximação do pastor ao rebanho o Pontífice
assume a responsabilidade de inserir na pauta da Igreja a luta contra as
desigualdades sociais. A exemplo dos duelos de capa e espada, o Papa escolheu
as armas e a forma de lutar nessa situação cruel e quase imutável que
diferencia e discrimina as pessoas por suas nações, países, gêneros, ideologias
e crenças. Ao contrário da habitual arrogância do poder, este homem escolheu a
humildade como arma e ferramenta de sua luta.
A
humildade do supremo dirigente de toda Igreja Católica, Instituição reconhecida
pela grande influência e poder que exerce até mesmo fora do mundo cristão, em reconhecer
a existência de erros e “malfeitos” no Vaticano o fortalece e atrai milhões de
aliados para sua empreitada, no mesmo tempo que lhe empresta inimigos, nem
sempre identificados e visíveis.
O teólogo
Leonardo Boff já afirmou, em um de seus excelentes textos, que Francisco “é o
Papa da ruptura” e preciso concordar com ele. Alguns podem duvidar da
possibilidade de coexistência entre a comunhão e a ruptura, mas é nesse ponto
que o exemplo da postura adotada por Francisco inicia a construção de seu
legado. Para diminuir e quem sabe eliminar as distorções causadas pelo
capitalismo é preciso combatê-lo. Ele sabe disso e aponta caminhos. Na sua
simplicidade, Francisco fala abertamente a favor de um mundo plural e
solidário, onde o respeito às características individuais prevaleçam sobre a
intolerância. Além disso, tem um jeitão carismático e popular que o auxiliam na
boa comunicação. Deixou em terras sulamericanas mensagens tão importantes e, no
entanto transmitidas de forma tão simples e sincera que houve um hiato de quase
48 horas entre a transmissão e a reação da maioria.
Ao falar
das mulheres, fez quase um mea-culpa, determinou o seu imprescindível valor
para o cristianismo e declarou serem as paraguaias as “mais gloriosas da
América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres
para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A
escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua. (...)
Acredito que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher.
Somente um pouco aqui, um pouco lá. Tem a que faz a leitura, a presidente da
Cáritas, mas há mais o que fazer. É necessário fazer uma profunda teologia da
mulher”.Já quanto à diversidade sexual, afirmou que “se uma pessoa é gay e
procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, pra julgá-la? O
catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser
discriminados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade”. Essas
manifestações têm feito com que seu pontificado seja visto com carinho até por
celebridades não católicas, caso do cantor Elton John, que escreveu que o “Papa
Francisco é para a Igreja Católica a melhor notícia dos últimos vários séculos.
Este homem, sozinho, foi capaz de reaproximar as pessoas dos ensinamentos de Cristo.
(...) Os não católicos, como eu, se levantam para aplaudir de pé a humildade de
cada um dos seus gestos". Não é a toa que a revista internacional de
celebridades Vanity Fair o chama de “Francisco, o Papa Coragem”.O Jesuíta deu atenção e tratou com muito carinho aos indígenas que o procuraram, ansiosos por saírem da marginalidade que a sociedade ocidental os relegou. Com humildade, sempre ela, Francisco vestiu o cocar que os Pataxós lhe prepararam sem a menor hesitação. Se um dos homens mais poderosos do mundo é capaz de desprezar e repudiar a xenofobia com tanta simplicidade por que seria tão difícil para nós?
Um Papa
revolucionário, que se alegra com espírito revolucionário dos jovens, nos ensina
com sua sincera humildade e predisposição ao diálogo que as portas podem
abrir-se através da chave da ruptura com o passado. Eis que encontramos a
conciliação e a verdadeira comunhão. Afinal, para o coração que perdoa, de que
importa o passado? Vivemos no presente e a maioria de nós ainda espera ter mais
vida pela frente do que já ter vivido. E falando nisso, longa vida ao Papa
Francisco!
* Rodrigo Priesnitz é Tecnólogo em
Gestão Pública, militante e filiado ao Partido dos Trabalhadores e experimenta
a atividade de blogueiro.
Realmente ele é um ser humano muito evoluído, não pela religião, mas, pela bondade que ele transborda, é de se admirar o poder de atingir o âmago das pessoas com suas palavras e humildade.. Vida longa para o Papa Francisco!
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