terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A incansável busca pelos 15 minutos de fama

Por Rodrigo Priesnitz

“O gênio da última hora / É o idiota do ano seguinte”. Esse pequeno trecho da bela canção composta em parceria por Branco Mello e Sérgio Britto e gravada pela banda de ambos, Os Titãs, é a sentença que melhor cabe na descrição do comportamento das vítimas da carência de atenção.
Os egos inflamados de alguns adultos são parte dos efeitos da falta de carinho, cuidado e demonstrações de amor e afeto que experimentaram quando crianças. Por este ponto de vista, os “idiotas” que imploram repetidamente por 15 minutos de fama são meros co-responsáveis das personalidades que assumiram.
Não é raro ver ex-ídolos do passado assumindo a missão de descarregar a artilharia pesada, e torpe, sobre momentos da política nacional. Fabricação de sentenças, afirmações psicodélicas e gestuais juvenis decoram suas manifestações de repúdio “a isso tudo que está aí”. Claro que não basta apenas se rebelar contra o sistema, tem que malhar a Presidenta Dilma, os partidos que a apoiam e seus militantes. Aprendem tudo na escola do Olavo de Carvalho, o filósofo formador de opinião da “nova direita” – Deus nos Livre.
Dois “memes” que ressuscitaram foram os roqueiros Roger Moreira e Lobão. Depois que ligaram suas metralhadoras, ganharam bajulação e massagem no ego com aparições em programas televisivos e voltaram a ser “cult”. O último dos dois é o caso mais emblemático, migrou da posição de “inimigo público número um” das gravadoras e da velha mídia para o posto oficial de colunista do folhetim do Grupo Naspers, a Revista Veja.
A corrida por afagos não se resume a armários mofados. Basta observar o deprimente caso envolvendo a tal Sininho, que não tem nada de Fadinha, e aqueles jovens bobalhões, dispostos a assumir a responsabilidade por um assassinato, sabe-se lá para livrar a cara de quem. Com tamanha exposição na TV – por quê? – se fizeram conhecidos. Tão logo seus 15 minutos passem restarão armazenados em uma gaveta qualquer, juntos de laudos de bolinha de papel ou de guaxuma.
A busca pela atenção alheia vai além de fatos ocorridos nos grandes centros urbanos. Tem aquelas almas carentes que habitam os mais afastados rincões e que mesmo longe das câmeras de TV e de seus holofotes consagradores, logo aprendem a saborear o doce gosto que só as celebridades conhecem. A escolha do novo Papa é motivo para uma caça aos parentes no interior do Paraná, assim como a cassação de um Título de Honraria é fagulha perfeita para ser presenteado com alguns minutos de exposição.
A decisão de cassar o Título de Cidadão Honorário de Toledo, concedido pelo povo da cidade a
Henrique Pizzolato há 20 anos, abre precedentes. Se a intenção da aprovação de uma Lei Municipal para a cassação de apenas um único Título de Cidadania Honorária é a de passar o passado a limpo, se é a de revisar as decisões tomadas em desacordo com a vontade da população, a partir de agora será necessária uma proposição que reveja a escolha de nomes de ditadores e torturadores para escolas, prédios públicos, praças e logradouros. Podemos ir além e ampliar o enquadramento para aqueles que simplesmente apoiaram o regime, pois o fim daquela brutal ditadura foi o desejo da esmagadora maioria do povo brasileiro e a permanência destas injustas homenagens é uma afronta à vontade soberana.

Caso contrário, teremos apenas a confirmação de tratar-se apenas de mero revanchismo, moralismo para alguns ou carência afetiva de outros. Confirma-se também a aplicação de dois pesos e várias medidas quando em alguma das pontas encontra-se um petista.
*Rodrigo Priesnitz é Tecnólogo em Gestão Pública

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